Foto: brasil.escolauols.com.br
PANTANAL DE MATO GROSSO DO SUL
[ e visita à casa do poeta Manoel de Barros ]
17-23 - 03- 2003
Final de férias. Última semana. Aceitei o convite da UNIDERP [Universidade para o Desenvolvimento do Estado e Região do Pantanal] para dar uma consultoria e, no final de semana, fazer uma excursão ao Pantanal.
Saída para Campo Grande com escala em Goiânia, voo TAM, em companhia de meu amigo Waldemar Ottani, vice-reitor da instituição. Estudamos juntos na Inglaterra, em 1976, num curso itinerante de Inglês, nas cidades de Warwick, Oxford e Cambridge, antes de começarmos os nossos cursos de mestrado — o dele na área de Economia e o meu na Bibliotecomia. Sempre vivemos em Brasília mas quase nunca nos víamos, exceto nos tempos em que eu frequentava os círculos filatélicos, onde ele era ativo. Por coincidência, ele foi trabalhar, depois de aposentado, na
UNIDERP com a qual estamos celebrando um convênio de cooperação acadêmica para a instalação de um mestrado inter-institucional.
Sempre desejei fazer uma excursão à região do Pantanal, mas não queria tomar um pacote turístico convencional.
Já andei por Corumbá, no final dos anos 60, fazendo o célebre percurso de trem entre Santa Cruz de la Sierra, Bolívia e São Paulo.
Os dias em Campo Grande - 17 a 19/03 foram de visitas a bibliotecas locais e almoços e ceias com as autoridades locais, em que sempre estava o reitor Pedro e o filho Paulo, este candidato ao nosso doutorado em Ciência da Informação, um dos almoços na mansão da família.
Gente rica mas bastante simples, hospitaleira, alegre, própria dos descendentes de sírio-libaneses católicos na região. Alegria apesar de estarem consternados com a brutalidade da guerra dos americanos e inglese conta o Iraque.
Frequentamos os melhores restaurantes da cidade para conhecer os pratos com peixes da terra conhecer as ofertas com peixes da localidade ou, no fim da noite, pizzas da melhor qualidade.
Campo Grande continua crescendo e a UNIDERP ainda mais. A biblioteca está sendo expandida e consegui convencê-los a abrir o acervo ao público em geral. As obras não estão muito avançadas na catalogação mas eles acreditam pode reinaugura as novas instalações em meados de julho próximo.
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Foto de Manoel de Wagner Guimarães:
Antonio Miranda e Manoel de Barros
O ponto alto da estada em Campo Grande foi a visita do poeta Manoel de Barros que já está com 86 anos mas absolutamente em estado de graça, produtivo, animado ainda que conservando sua modéstia e discrição.
Manuel de Barros nasceu em Cuiabá, considera-se um “pantaneiro” se sua poesia está impregnada da força telúrica do meio ambiente “abolindo tanto as fronteiras entre os reinos vegetal, mineral e animal, quanto as que existem entre as categorias gramaticais”, na opinião de Claufe Rodrigues e de Alexandra Maia”.
A visita foi organizada pela UNIDERP e por sua Fundação Manoel de Barros, à casa do poeta, num dos bairros de classe média alta da cidade. Avesso às auto-promoções, não queria a presença da TVs, mas aceitou o fotógrafo pois o Reitor Pedro queria registrar o nosso encontro. Foi uma noite memorável, cálida, em que ele ouvia com muito interesse a participação de meus livros e, respondendo as minhas perguntas, falou sobre sua obra e trajetória política.
Na opinião dos acompanhantes — o Reitor e outras autoridades — ele estava mais acessível e à vontade do que nunca e fez revelações incomuns sobre sua obra. O poeta maior de Mato Grosso está longe de ser um naive embora a tônica de sua poesia indicar aos menos iniciados sua técnica sofisticada subjacente. Ele foi educado no Rio de Janeiro, fez longas viagens pela América do Sul se cursos de arte em Nova Iorque e publicou muitos livros de poesia, a partir de 1957 até o último em que “para buscar o azul” o poeta prefere “usar pássaros’, editado em 2000 na forma de um luxuoso álbum fotográfico do Pantanal, que ele deu-me a honra de um exemplar autografado.
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Aceitei com os editores da revista “Prosa” a publicação de um trecho de meu livro “Horizonte Cerrado” e uma resenha sobre o livro, escrito pela Profa. Elga Pérez-Laborde.
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